Chen Ning Yang foi um dos mais brilhantes e influentes físicos teóricos do século XX. Partilhou, com Tsung Dao Lee, o prémio Nobel da Física, por ambos (ainda bastante jovens) terem proposto a hipótese revolucionária de que as interações
nucleares fracas violam a paridade, isto é, os processos em que estas intervêm não são invariantes quando são vistos ao espelho, ao contrário do que então se supunha como dado adquirido para todas as interações físicas. No dia a dia dos físicos de partículas, o nome de Yang ocorre como sendo, com Robert Mills, um dos proponentes das teorias de Yang-Mills, teorias de campo que generalizam o eletromagnetismo por serem invariantes segundo uma transformação de um grupo não abeliano. Exemplos de teorias de Yang-Mills são a Cromodinâmica Quântica (que descreve as interações nucleares fortes) e o Modelo Padrão das Interações Eletrofracas (neste caso, com quebra espontânea de simetria). Yang também teve contribuições decisivas para a Física Estatística, das quais merece destaque a equação de Yang-Baxter, segundo a qual em certos sistemas a interação entre três partículas é completamente determinada pelas interacções separadas entre duas dessas partículas, e é independente de qual dos pares de partículas interagem primeiro. Conversámos com Yang no Instituto de Física Teórica por si fundado, na Universidade do Estado de Nova Iorque em Stony Brook. Yang é hoje um físico aposentado, prestes a completar 95 anos, mas mantém um olhar
atento sobre a disciplina a que dedicou a sua longa vida científica e tem muitas histórias para contar. Quando passam 60 anos da atribuição do seu Prémio Nobel e 50 anos da fundação do instituto que hoje tem o seu nome, vale a pena ouvir e recordar algumas dessas histórias. Esta é uma entrevista de carreira, e carreiras como a de C.N. Yang há poucas.