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Volume 1 / Fascículo 2
Janeiro 1947
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O Senhor Professor Doutor Álvaro R. Machado, nasceu em S. Tiago de Lordelo, Gui marães, em 24 de Novembro de 1879. Concluiu em Coimbra no ano de 1901, a sua licenciatura em filosofia natural, quando já, se encontrava formado em medicina. Foi durante largos anos professor do liceu de Rodrigues de Freitas do Pôrto. Em 1912 foi nomeado assistente de física da Faculdade de Ciências do Porto. Em 1920 foi investido na Direcção do Observatório Meteorológico da, Serra do Pilar. Regia ültimamente as cadeiras de Acústica, Óptica e Calor, Física dos Sólidos e Fluídos, e Termodinâmica. Publicou vários trabalhos, destacando-se os livros de ensino de física para os cursos secundários. Como bolseiro do Estado, esteve na Espanha, França, Suiça, Bélgica, e Inglaterra, em viagem de estudo e aperfeiçoamento do ensino da física experimental.
É uso dizer que pode fazer-se bom ensino com maus programas, e que podem os pro- gramas ser óptimos sem que os resultados do ensino sejam, ao menos, reputados suficientes. Sabe-se que, principalmente no que respeita à segunda premissa, é de facto assim, devendo porém, pôr-se a primeira de reserva. Sem se exigir uma organização modelar é boa norma atender muito cuidadosamente aos programas; estes estão intimamente ligados à finalidade do ensino; portanto, antes de os elaborar, é necessário estabelecer os moldes a que o ensino deve obedecer.
A inclusão dos Trabalhos Práticos de Física no programa do ensino liceal não foi determinação vasia de sentido mas desejo de eliminar uma deficiência considerada grave. O que se diz dos Trabalhos Práticos de Física pode dizer-se tambem de Química embora nos interesse apenas, neste lugar, a referência aos primeiros. Alguns professores de maior actividade profissional, mais em contacto, ou directo ou por leitura, com o ensino doutros paises, reconheceram que o nosso não devia continuar no trilho do verbalismo exclusivo mas que necessitava urgentemente de olhar para a realidade dos fenómenos físicos. Pensou-se, portanto, em preencher esse abismo profundíssimo que separa o dizer do fazer e encaminhar os alunos no hábito da observação e da realização.
Após três séculos de evolução, a Física Teórica tornou-se, de certo modo, o modêlo de tôdas as ciências naturais, tendo assim destronado a Mecânica dêste lugar de comando. Actualmente tende-se para enquadrar todos os fenómenos naturais nos esquemas que nos são fornecidos pela Física Teórica. Uma Universidade onde hoje não se faça um estudo autónomo da Física Teórica pode considerar-se no mesmo estado de atrazo que uma Universidade onde há cem anos não se ensinasse a Mecânica Racional.
Resolução de Rómulo de Carvalho
Resolução de Mário Santos, Glaphyra Vieira, Carlos Braga, Ilídio Peixoto, Luís da Silva e Almeida Santos
O Instituto do Frio Kamerlingh Onnes de Leiden (Holanda) é o maior e mais famoso dos institutos do frio do mundo. Possui várias instalações industriais para o fabrico de ar líquido (30 a 40 litros por hora), várias (de diferentes épocas) para a produção de hidrogénio líquido (tôdas com compressores) e uma para a preparação de hélio líquido. Das instalações de hidrogénio líquido, a mais recente é capaz de fornecer 25 litros por hora, consumindo cêrca de um litro de ar líquido por cada litro de hidrogénio líquido, com dois compressores até 180 atmosferas. A instalação de hélio (que só funciona às 5.as feiras) produz 6 litros de hélio líquido por hora, o que é enorme. O hélio líquido foi aliás preparado pela primeira vez em Leiden, por Kamerlingh Onnes (1908). O pré-arrefecimento final é feito com hidrogénio líquido que serve também como protector térmico do hélio líquido. Tanto o hélio como o hidrogénio, evaporados nos Laboratórios durante os trabalhos de investigação, recuperam-se por meio dum sistema de tubos que corre todo o Instituto e que os reconduz aos compressores.
Problemas
A interpretação actual da radioactividade β, que se admite consistir na expulsão de um electrão por um núcleo atómico, apresenta duas dificuldades graves: i.a - a não existência, hoje aceite, de electrões nos núcleos; 2.a - a distribuição contínua da energia dos raios P emitidos por um elemento radioactivo. Neste artigo pretendemos apenas ocupar-nos desta última; lembraremos, no entanto, como se procurou resolver a primeira.
No mundo bioquímico despertou grande interesse a identificação dum sistema fermentativo que inactiva, por hidrólise, a aneurina, ou seja, a vitamina B1.
O cálculo dos erros é feito, nas nossas escolas, nas cadeiras de Cálculo das Probabilidades, com especial pormenor e tambem nas de Física. Não é corrente, porém, interessar os estudantes de Química pelo seu estudo e muito menos pela sua aplicação à crítica dos resultados. O estudante que, nas aulas práticas, obtem resultados numéricos, não tem qualquer orientação para fazer a sua crítica, apresenta-os tal como os obtem a partir das operações aritméticas, pois o pouco que de erros tiver porventura aprendido, julga ser de aplicar apenas nas questões para isso especialmente enunciadas. Não se trata de Química ou Física, trata-se sim, de ter o cuidado de fazer sempre o cálculo dos erros que afectam necessariamente os resultados experimentais, e cujos limites é necessário conhecer, para que esses resultados tenham significado e mereçam con- fiança.
Faleceu há pouco com a idade de 89 anos, em Moscovo, o grande percursor da bioquímica moderna, Alexis Bach. Na sua mocidade, o célebre sábio ucraniano, lutou pelos seus ideais revolucionários e teve por isso de refugiar-se no estrangeiro onde, em Genebra e no laboratório de schutzenberger de Paris, construiu os alicerces da sua ciência. Mais tarde, nos Estados Unidos, organizou as instalações de modernas fábricas de fermentação alcoólica.
Resolução de Marieta da Silveira, Alice Magalhães e A. Morgenstern
Parece-nos interessante recordar que, no final do século XVIII , a Mineralogia não era, em Portugal, uma Ciência atrazada. Este ramo do conhecimento humano tinha acabado de surgir, como Ciência autónoma, devido particularmente, à influência exercida por Werner, o grande mestre da Escola de Minas de Freiberg. Para Werner aquela ciência devia revestir-se dum carácter todo empírico, todo utilitário, porque, segundo as suas próprias palavras, a Mineralogia nada mais poderia ser do que a simples introdução à Arte das Minas.
É do conhecimento de todos que a lupa, o microscópio e o ultramicroscópio teem sido, desde há mais de dois séculos, os olhos do observador para tôda a chamada microbiologia. Sem êstes instrumentos da física seria desconhecida esta parte, talvez a mais importante da biologia: Pasteur não existiria. Àlém do desconhecimento do inundo dos micróbios não se conheceria também, nos macraorganismos, a constituição da sua célula. A citologia, da qual hoje se separa já, como ciência, a parte, a cariologia, não seria sequer vis- lumbrada, ou existiria apenas no mundo das hipóteses.

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