Quem escreve estas linhas encontrava-se no estrangeiro, como bolseiro da Junta de Educação Nacional (hoje com a infeliz designação de Instituto para a Alta Cultura), quando o Prof. Cyrillo Soares tomou a direcção do Lab. de Fís. da F. C. L. O país atravessava então, no que respeita à investigação científica, um momento de grande entusiasmo; a criação da Junta de Educação Nacional, a feliz escolha para seu secretário do saudoso Prof. Luís Simões Raposo, o envio de numerosos bolseiros ao estrangeiro para aí se especializarem em longos estágios, constituiam, entre outros, alguns dos factos que davam aos novos de então a fundada esperança que a investigação científica no nosso país se iria desenvolver naqueles ramos em que já se começara a trabalhar e seria criada e amparada naqueles outros em que pràticamente nunca existira na nossa terra - e era este o caso da Física. A escolha que então se fizesse dos directores dos Lab. de Física das nossas escolas superiores - únicos estabelecimentos onde se podia projectar a realização, a breve prazo, de investigação - tinha uma importância fundamental porque dessa escolha ia depender, em grande parte, a possibilidade de alargar o âmbito desses laboratórios, até então restritos ao ensino, à investigação no domínio da física. Para mim, que tivera ocasião - primeiro como aluno, depois como professor - de apreciar a acção do Professor Cyrillo Soares no Lab. de Química no Liceu Pedro Nunes, a escolha parecia-me das mais felizes contendo em si a a certeza, para os novos, de que no Laboratório de Física da F. C. L. seria criado o clima propício ao trabalho de investigação.