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Volume 2 / Fascículo 4
Outubro 1950
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A Gazeta de Física no seu primeiro número após o falecimento do Prof. Doutor Cyrillo Soares, entende como primordial dever prestar profunda e muito merecida homenagem ao Mestre que com tanto carinho acolheu desde a sua fundação esta revista. A sua obra teve uma extensão que muitos ignoram, pela importância dos trabalhos que orientou e defendeu originando a sua elogiosa apreciação nas melhores revistas da especialidade. O melhor preito que podemos manifestar é publicar uma síntese dos trabalhos realizados no Centro de estudos de Física durante a sua inesquecida e bondosa direcção. Nela se evidenciaram além da sua personalidade científica, aquelas invulgares qualidades que são apanágio de um caracter íntegro. As palavras que o Ex.mo Director da Faculdade de Ciências de Lisboa, Prof. Doutor Pereira Forjaz, proferiu junto da sua sepultura e que a seguir transcrevemos, evidenciam bem a estima e o respeitoso aprêço em que era tido por todos.
Este "Centro", cuja criação oficial data de 1940, existe, de facto, desde 1929, ano em que, pela primeira vez, foi enviado ao estrangeiro um bolseiro português, escolhido entre o pessoal docente do Laboratório de Física da Faculdade de Ciências de Lisboa. Era então já Director do Laboratório o Professor Cyrillo Soares, que sempre dirigiu a actividade do Laboratório no campo da investigação e que assumiu, desde a sua criação, as funções de Director do referido Centro, funções que abandonou, em 1947, a seu pedido.
O trabalho que a seguir descrevemos foi realizado e m 1943-44, no centro de estudos de Física Experimental da Faculdade de Ciências de Lisboa, de que foi Director o saudoso Prof. Ex.mo S r . Doutor A. C . Soares, a quem a Física Experimental tanto deve por ter sabido criar os meios e o ambiente próprios para o seu desenvolvimento.
Três sentimentos predominam no meu espírito ao evocar a saudosa memória do Prof. Cyrillo Soares: respeito, admiração, gratidão. Respeito pelo Homem de íntegro carácter que dedicou toda a sua vida à nobre missão de ensinar. Admiração pelo Catedrático que criou e manteve em fecundo labor o Centro de Estudos de Física da Faculdade de Ciências de Lisboa.
Quem escreve estas linhas encontrava-se no estrangeiro, como bolseiro da Junta de Educação Nacional (hoje com a infeliz designação de Instituto para a Alta Cultura), quando o Prof. Cyrillo Soares tomou a direcção do Lab. de Fís. da F. C. L. O país atravessava então, no que respeita à investigação científica, um momento de grande entusiasmo; a criação da Junta de Educação Nacional, a feliz escolha para seu secretário do saudoso Prof. Luís Simões Raposo, o envio de numerosos bolseiros ao estrangeiro para aí se especializarem em longos estágios, constituiam, entre outros, alguns dos factos que davam aos novos de então a fundada esperança que a investigação científica no nosso país se iria desenvolver naqueles ramos em que já se começara a trabalhar e seria criada e amparada naqueles outros em que pràticamente nunca existira na nossa terra —- e era este o caso da Física. A escolha que então se fizesse dos directores dos Lab. de Física das nossas escolas superiores —- únicos estabelecimentos onde se podia projectar a realização, a breve prazo, de investigação —- tinha uma importância fundamental porque dessa escolha ia depender, em grande parte, a possibilidade de alargar o âmbito desses laboratórios, até então restritos ao ensino, à investigação no domínio da física. Para mim, que tivera ocasião - primeiro como aluno, depois como professor —- de apreciar a acção do Professor Cyrillo Soares no Lab. de Química no Liceu Pedro Nunes, a escolha parecia-me das mais felizes contendo em si a a certeza, para os novos, de que no Laboratório de Física da F. C. L. seria criado o clima propício ao trabalho de investigação.
Comemorou-se, no ano de 1950, o tricen- tenário da morte de Descartes, fundador da Filosofia moderna. Todos os que se dedicam à Física (cujas fronteiras fazem vizinhança com as da Filosofia), sabem a dívida que contraíram para com Descartes, entendem quanto lhe devem a formação do espírito crítico e a estruturação do pensamento científico.
Resoluções de M. A. P. Fernandez
Resoluções de GLAPHYRA VIEIRA
Soluções de MARIETA DA SILVEIRA
Resoluções de MARIETA DA SILVEIRA

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