Uma das espécies liquénicas que primeiro deve ter despertado o interesse sob o aspecto químico - a vulgaríssima Xanthoria parietina (L.) Th. Fr. é conhecida de quantos tem observado os telhados de velhas casas, vetustos muros à beira das estradas, ritidoma de árvores, rochedos à beira mar, etc. A sua cor em habitats expostos chama imediatamente a atenção pela gama desde o laranja até quase ao vermelho. A que é devida esta pigmentação? Simples exame microscópico de secções talinas logo revela a presença à superfície das hifas, na porção cortical externa, de abundantes cristais alaranjados. Pela acção da potassa cáustica dissolvem-se tomando o soluto uma cor purpúrea. Não se pense porém, que esta é a regra. A maior parte das chamadas substâncias químicas dos líquenes, ao contrário do que sucede em Xanthoria parietina, é incolor. A sua abundância é, no entanto, suficiente para tornar opacas as secções do talo. Trata-se de produtos de excreção, que se vão acumulando à superfície das hifas.