O actual plano de estudos de Física nas nossas Faculdades não sofreu alteração apreciável desde que em 1911 elas foram criadas. Das ligeiras modificações até hoje introduzidas, destacaremos as duas mais significativas. A primeira foi originada pela criação em 1946 da licenciatura em Ciências Geofísicas que introduziu no grupo da Física as seguintes novas disciplinas: Geofísica, Meteorologia e Óptica, tendo sido suprimida a cadeira de «Acústica Óptica e Calor». A segunda foi motivada pela recente reforma dos estudos de Engenharia que criou as cadeiras de Física Atómica, Curso Complementar de Física e Electrónica e prolongou por mais um semestre a disciplina de Termodinâmica. Estas reformas no entanto pouco ou nada influíram na licenciatura em Ciências Físico Químicas, pois as suas disciplinas de Física reduzem-se ainda a: Curso Geral de Física, Electricidade, Termodinâmica (semestral), Óptica, e Mecânica Física (semestral). A este deficientíssimo plano de estudos que ignora os progressos da Física dos últimos decénios, temos a acrescentar uma outra causa que muito também tem prejudicado o seu ensino. Referimo-nos ao grande aumento que sofreu a população escolar nos últimos vinte anos, sem que simultâneamente se tivessem alargado os quadros e instalações das Faculdades de Ciências. Por isso o rendimento do ensino baixou notàvelmente, muito principalmente na parte que diz respeito ao ensino
laboratorial. Estas deficiências são extremamente graves. Devido a elas os licenciados acabados de formar ficam com uma visão muito imperfeita do mundo físico que os cerca. Por isso, em geral, não se encontram em condições de poderem cabalmente desempenhar a missão que lhes compete, nem nos laboratórios de inves- tigação, nem nas escolas onde deverão ensinar.