Capa
Volume 22 / Fascículo 2
Junho 1999
Descarregar revista
A “Gazeta de Física”, revista da Sociedade Portuguesa de Física (SPF), comemorou em 1997 os seus 50 anos. Foi seu fundador Armando Gibert. Com este número, e na data dos 25 anos da SPF a “Gazeta” inicia nova vida: novo formato gráfico, que se procura vivo e moderno, novas secções e novos conteúdos. Trata-se de uma “transição de fase” que reflecte a vontade, expressa no programa da nova direcção da SPF, de reforçar a revista como órgão privilegiado de comunicação entre os sócios. Mas é uma transição que se pretende contínua, valorizando e desenvolvendo a imagem que a revista já dava de uma sociedade científica actuante e projectando a sua rica herança em direcção ao futuro. A sociedade é agora maior: congrega mais vontades, realiza mais projectos e tem um papel acrescido no panorama nacional e internacional da ciência, educação e cultura.
Que a banda desenhada (BD) é o domínio por excelência dos heróis “positivos” e sem medo, irradiando coragem e generosidade de todas as células do seu corpo, já não é propriamente novidade para ninguém. O que talvez não seja tão perceptível é que, não raras vezes, o destino individual e o êxito das aventuras desses heróis de papel dependem do saber e da capacidade de realização de cientistas e investigadores. É a imagem destes na banda desenhada, e em particular dos físicos, que se analisa neste artigo.
O estudo do movimento de sólidos de revolução incide, em geral, sobre corpos rígidos. As situações que envolvem efeitos dissipativos são quase sempre ignoradas, tanto no ensino secundário como em cursos introdutórios no ensino universitário. A inclusão destes efeitos é um dos objectivos deste trabalho. Conjugando a Mecânica com a Termodinâmica, obtém-se uma melhor compreensão do movimento daqueles sistemas. É discutido o papel decisivo das forças de atrito em corpos que rolam.
O mundo quântico, povoado de objectos que têm o dom da ubiquidade e que tanto se comportam como ondas como partículas, escapa à nossa lógica habitual. Alain Aspect, director de investigação no CNRS (Centre National de Recherche Scientifique), professor da Escola Politécnica e responsável pelo grupo de óptica atómica do Instituto de Óptica Teórica e Aplicada de Orsay, dissipa um pouco desta bruma explicando como essas curiosas propriedades podem decorrer de uma tecnologia digna da ficção científica.
partir deste número, a “Gazeta de Física” passa a incluir informação acerca da Física e do ensino da Física nas várias escolas e unidades de investigação do país. Esta informação, coligida pelas Delegações Regionais do Norte, Centro e Sul da Sociedade Portuguesa de Física (cujos responsáveis são, respectivamente, Fátima Pinheiro, Rui Ferreira Marques e Paulo Crawford) permitirá divulgar as áreas cultivadas, contribuindo assim para que passemos a conhecer melhor a Física que se faz e se ensina no nosso país. Inclui-se nesta edição uma lista dos trabalhos académicos elaborados desde 1998 em diversas universidades (mestrados, provas de capacidade cientifico/pedagógica, doutoramentos, e agregações). Esperamos, no fututo, referir também trabalhos de licenciatura. Incluímos ainda notícias de encontros científicos e pedagógicos e prémios de carácter científico ou pedagógico (recebidos por docentes ou discentes). Contamos com a colaboração das instituições e, sobretudo, com o interesse dos leitores para ir cobrindo de forma cada vez mais abrangente tudo o que se faz nos domínios referidos. Por isso, desde já se agradecem todas as informações que queiram enviar para as Delegações Regionais da SPF.
Alguns dos projectos “Ciência Viva” (Av. Combatentes 43-A, 10º B, 1600 Lisboa , Tel. 01- 7270228, Fax 01- 7220265, ciencia@ucv.mct.pt e http://www.ucv.mct.pt), financiados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, situam-se na área das Ciências Físico-Químicas. Em particular, têm surgido alguns que tentam mostrar e fazer experiências de Física para alunos do ensino básico. Eis os resumos de alguns dos projectos sobre os quais nos chegou informação.
Descobertas recentes de planetas extra-solares; A descoberta de novas cinturas de radiação da Terra; Novos Elementos superpesados; A palavra “optics” escrita num só átomo; A constante de Hubble começa a ficar constante; Lasers ultra-intensos originam cisão nuclear e criam antimatéria
SPF comemora 25 anos; Eleição para a Sociedade Europeia de Física; Conferência Nacional da SPF; SPF na Internet; Acções de divulgação e cursos de formação; Softciências; Reflexão sobre o ensino da Física e Química; Protocolo com a Associação de Professores de Matemática
A Secção “Olimpíadas de Física” é dirigida por José António Paixão e Manuel Fiolhais, do Departamento de Física da Universidade de Coimbra, 3000 Coimbra.
Electromagnetismo; Campo ElecttoMagnético; Viagens no espaço-tempo; Resolução de problemas em Física: conceitos, processos e novas abordagens; “Grandezas e unidades físicas - terminologia, símbolos e recomendações
Procurando responder desde já a esta questão, eu diria que servem para pouco. Creio que existirão duas razões para tal. Em primeiro lugar, o tecido industrial em Portugal é frágil em exigências científicas e tecnológicas evoluídas e, mais grave ainda, as empresas e os industriais não compreenderam ainda a necessidade de investir na base de conhecimento e de actividades que lhes vai determinar a competitividade no futuro. Por outras palavras, do lado da procura as exigências industriais são escassas, e, quando existem, são modestas.
Quando nascem, todas as crianças são cientistas por natureza. Não há nada que mais se aproxime do espírito de um cientista do que a curiosidade de uma criança. Ela leva-a a explorar, interrogar, testar ideias, verificar resultados, compreender o funcionamento do mundo que a rodeia. O que motiva um petiz a desmontar um rádio para saber de onde vem a voz é o mesmo que leva um astrónomo a estudar o céu a fim de perceber a origem do Universo. Sem professores, sem livros, a Natureza preparou a criança com o bem mais precioso para compreender o mundo: a curiosidade. E o que fazemos nós com esta tão inestimável qualidade?

© 2019 Sociedade Portuguesa de Física