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Volume 24 / Fascículo 1
Janeiro 2001
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A Física a caminho da "desertificação” ?
O que é a Física Biomédica? Uma definição, no sentido habitual duma disciplina, não é fácil, pois não é evidente delimitar fronteiras. Trata-se sobretudo de aplicar a metodologia das ciências físicas ao funcionamento de seres vivos, em particular do corpo humano.
Questionamos a ideia profundamente arreigada em alguns manuais do 10º ano de escolaridade de que é possível analisar situações da vida prática usando o conceito de ponto material. Referimos alguns exemplos deste procedimento que estão em conflito com conceitos básicos, nomeadamente o conceito de trabalho de uma força. Discutimos a necessidade de reanalisar o conceito de trabalho de modo a resolver essas situações usando uma metodologia fundada nas noções de trabalho e energia. Apresentamos, finalmente, aplicações úteis neste contexto.
Os resultados dos exames nacionais do 12º ano confirmaram o que já não era novidade: as notas de Física baixaram novamente e os alunos registam globalmente piores notas na área de ciências do que em letras. Por outro lado, e possivelmente como corolário daquela situação, uma parte muito considerável das vagas dos cursos de Física das universidades portuguesas não preenchida. É uma tendência que vem de trás, como o revela a comparação dos dados referentes a este ano com os de 1998, e que não dá sinais de inversão. A Física em Portugal estará a caminho da “desertificação”?
As escolas não preparam as pessoas para a vida que pretendem viver, mas para “outras vidas”, as de sociedades que já não existem hoje. No entanto, sustenta Leon Lederman, físico norte-americano galardoado com o Prémio Nobel, é necessário e possível “preparar as pessoas para o novo mundo”. Presente na Figueira da Foz no passado mês de Setembro, onde participou no “Física 2000”, aquele cientista deu uma entrevista à “Gazeta” tenda falado apaixonadamente das suas experiências de introdução do ensino da ciência nas escolas. O professor, defende, é a “chave” da mudança, o que coloca a necessidade de formação de professores - virada para uma intervenção prática, experimental - como a pedra de toque desse processo. A experiência de Lederman mostra que os educadores “não sabem ciência”, pois “a educação não está casada com a ciência”. Conclusão: “Têm de se casar estas duas comunidades, pois isso traria benefícios mútuos”.
Os 100 anos da Física Quântica || Ciclo de conferências no Porto || Recepção aos novos alunos || Laboratórios para o novo || programa do 10º ano || Mário Silva: o professor, o cientista e o político || Teses de Mestrado em Ensino no Porto || Alterações climáticas globais || Encontros com Rómulo de Carvalho || Escola de Verão no Caramulo... || Grupo de trabalho sobre Física Médica em Portugal || ... E de Outono em Lisboa || Provas na Covilhã, Coimbra e Lisboa || Física em Torres Vedras
O Kosovo, as bombas da Nato e a Física || Decaimento de dois protões || Choque de buracos negros || Voo parabólico de estudantes || 11 questões-chave sobre o Universo || "Fotografia" de feixes iónicos || A Internet é robusta || Prémio Nobel da Química 2000
Novos estatutos e eleições || Duas reuniões em Berlim || Palestras em Aveiro || O QUE DIZEM AS FÍSICAS
Gostaria que me esclarecessem sobre uma dúvida que tenho: se a Terra parasse instantaneamente, o que nos aconteceria? Agradecia também se me pudessem indicar teorias existentes sobre este assunto, referindo ”sites” e bibliografia. (um aluno do secundário)
• Ana Leonor Pereira e João Rui Pita (org.), "Egas Moniz em livre exame", Minerva Coimbra, 2000. || • Dava Sobel, "Longitude. A verdadeira história de um génio solitário que resolveu o maior problema científico do seu tempo", Temas e Debates, 2000. || • Douglas Hofstadter, "Goedel, Escher, Bach. Laços eternos", Gradiva, 2000. || • Ervin Laszlo, "Lagoa dos Murmúrios. Um Guia para a Nova Ciência", Publicações Europa-América, 2000. || • Georges Charpak e Richard L. Garwin, "Fogos Fátuos e Cogumelos Nucleares", Instituto Piaget, 2000. || • Jaime Oliveira e Eduardo Martinho, "Energia Nuclear - Mitos e Realidades", O Mirante, 2000. || • Jean Heidmann, Alfred Vidal- Majdar, Nicolas Prantzos e Hubert Reeves, "Estaremos sós no cosmos", Âncora, 2000. || • Joaquim Azevedo, "O ensino secundário na Europa", Edições Asa, 2000. || • R. Richardson, "Carl Sagan: uma Vida", Bizâncio, 2000. || • Regina Gouveia, "Se eu não fosse professora de Física... algumas reflexões sobre práticas lectivas", Areal, 2000. || "Princípios de E lectrónica” (2 vols.) Albert Paul Malvino McGraw-Hill, Lisboa, 2000 || “CP Violation ” Gustavo Castelo Branco, Luís Lavoura e João Paulo Silva, North Holland, Amsterdão 1999. || ”O Tio Alberto e o Mundo dos Quanta ” Russel Stannard Edições 70, lisboa, 2000.
O mundo está perigoso. Todos os dias somos bombardeados com as afirmações mais extraordinárias: da existência ("cientificamente provada”) de fenómenos paranormais como percepção extra-sensorial, psicocinese, clarividência ou comunicação com os espíritos, à defesa veemente da astrologia, dos curandeirismos "New Age”, como a cura pela fé ou pelo toque devidos a um suposto "campo bioenergético” (simultaneamente electromagnético e quântico), aos patéticos "códigos da Bíblia”, das mais delirantes afirmações sobre OVNIs ou raptos por extraterrestres à detecção de uma montanha em Marte que, juravam os adeptos, era uma face humana. Parece uma febre de fim de milénio, que atinge todas as camadas: Cheryl Blair tem aparecido com um colar ”bioeléctrico” para proteger o seu ”campo bioenergético”, a conselho da sua boa amiga Hillary Clinton.

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